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quinta-feira, 16 de abril de 2020



Santa Bernadete nasceu em Loudes, França, em 1844. Morreu no dia 16 de abril de 1879, aos 35 anos. Sua história familiar é marcada pela pobreza, casa insalubre (calabouço), falta de alimento e enfermidade. Sofreu terrivelmente de asma. Escreve René Laurentin no livro sobre a santa: "Como muitas outras meninas, Bernadete era pobre. A miséria que marcou sua infância condenou-a a uma vida breve. Levada a morar num alojamento insalubre, passou a sofrer de tuberculose, tendo hemorragia desde os 14 anos... Cabia-lhe o esquecimento, assim como a todos os pobres...".
Bernadete saindo com suas amigas para pegar lenha para a sua família tem a visão da imaculada conceição numa gruta velha e escura. 18 vezes Bernadete retornou à Gruta. construiu seu caminho de santidade a partir do que viu, ouviu e experimentou em sua carne. O local da aparição transformou-se em fonte de bençãos, milagres e curas. É hoje um dos grandes centros católicos de peregrinação.
Bernadete é santa visionária; vê onde outros não enxergam a luz. É o feminino que caminha; mulher ativa e destemida que não abre mão daquilo que consegue ver a partir da fé. Representa, pois, a mística transgressora que nasce em situações de pobreza, marginalidade e humilhação. Bernadete é padroeira dos pobres e enfermos asmáticos.
O caminho espiritual cultivado por santa Bernadete ilumina, sobretudo, os empobrecidos e vulnerabilizados em tempo de pandemia.

Se Santa Bernadete vivesse neste tempo de pandemia, certamente, estaria dormindo na fila para tentar conseguir o auxílio do governo para levar alimento para sua família... Não encontraria com a Imaculada Conceição numa gruta, mas em algum lugar escuro e feio da cidade. Em virtude de sua asma, se infectada pelo covid19, muito provavelmente morreria sem atendimento, sem teste e sem casa digna... A vida pobre e vulnerável de Santa Bernadete e o perigo alarmante do possível ingresso e disseminação do coronavírus nas comunidades de favela, morro e periferia, nos chama a perceber o quanto a  injustiça social é gritante, cínica e criminosa.
Mas, conforme o samba do cantor e compositor Luis Carlos da Vila, "quem tem fé carrega no escuro a luz do axé".
Não deixar que essa luz se apague, talvez seja o trabalho mais necessário nestes tempos sombrios... Há sempre grutas e presenças luminosas, há sempre, nos caminhos difíceis  da vida uma força teimosa que nos leva a ensaiar novos cantos, novas danças e novos mundos.
Salve, santa Bernadete, feliz Bernadete!

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